Essas coisas já são conhecidas. Não é fato novo nem estão distante no
tempo. São, no entanto, coisas sabidas, e que despercebidas, ganham ausência na
interpretação.
Todos nós sabemos que a língua inglesa ocupa um bom espaço na comunicação
brasileira, seguido o espanhol, e cá para mim, o japonês. O japonês??? Sim. Não
se alarme, vou explicar. Talvez não usemos as palavras porque na fala o som tem
seus privilégios. Discorda? Calma! Ainda não expliquei. Vamos analisar uma frase
por completo? Vamos observar a entonação? Mas qual é a frase? Calma! Pense na
frase:
Eu não sou o que você pensa.
Analisamos por palavra, assim nas palavras em negrito vamos dar ênfase na
entonação:
Eu não sou o que você pensa.
Eu não sou o que você pensa.
Eu não sou o que você pensa.
Eu não sou o que você pensa.
Eu não sou o que você pensa.
Eu não sou o que você pensa.
Eu não sou o que você pensa.
Percebeu a ironia em cada entonação?
O Brasil é rico em sotaques e até nomes para coisas. O que é mandioca para
mim, no Ceará é macaxera e na Bahia aipim. Mas voltando a falar japonês. Estava
eu em frente a um Banco. Uma senhora à minha frente olhou para o céu e, com ar
de quem conhece os sinais da natureza, disse convicta: VAIKAIUMTORÓ! Entendi. A
chuva forte que desceu quase me impediu de voltar para casa.
Era um dia de quinta-feira quando fazíamos compras. Tenho paciência para
tudo. Em quase tudo sou meio zen, mas fazer compras...
A minha esposa é muito inteligente quando faz compras. As mulheres são
detalhistas nas compras. Inteligentíssimas! Para mim um copo escrito extrato de
tomate é o suficiente para pôr no carrinho se o meu desejo é comprar extrato de
tomate, mas para a minha esposa não. Tem de checar o CGC, a data de validade,
de qual lado fica a tampa, se o cheiro é agradável, o ano, o dia, a hora, qual
foi a máquina que fez o lacre, o nome do funcionário e, não sei, mas parece que
descobre até o nome do motorista que fez a entrega. E se o produto possui um
preço elevado, diz: TAKARO!
Nos tempos que ainda morava lá na roça, descobri o nome do motel quando a
minha tia disse que a vizinha estava com o vizinho na KISHASHA. Mesmo a vizinha
sendo feia, ele não perdoava. Também o que importava? Ele não enxergava
direito, tinha KATARATA e, com desejos, KATAWA qualquer uma.
No guichê, um homem cheirando KASHASHA cortou a fila. Queria obter
o ingresso do jogo de futebol. Um guarda o avistou e, retirando-o, colocou no
último dos últimos. O homem FIKOMAU, pagou MIKO e blasfemou contra o
segurança que gritou: “fica calado aí meu! Senão te prendo, KISAKO”,
disse já retirando a arma. Ele não era homem KIMATAWA OTO, mas podia
fazer qualquer coisa, pois, quando vestia a farda, era mais que um guarda, era
um segurança KISHIASHAWA. Sei que isso é um assunto SHATO para falar e que,
escrevendo assim, você poderá até dizer: o rapaz TASHATO, TASHIASHANO,
mas agora até que ele escreve, porque antes KAGAWA nos textos.
TANAKARA que falar japonês na língua portuguesa não é um
mistério, nem para quem está acordado, nem para quem dorme e ainda TANAKAMA,
mas alguém KISAKA o jeitinho brasileiro de dar um TOKO na tristeza para
sorrir do que não tem graça, SHENUASHA?