domingo, 29 de setembro de 2013

DIZERES...


                                                                                                            FOTO DE REPRODUÇÃO
Se você chora
É porque está triste
Se está triste
É porque está sofrendo
Se está sofrendo
É porque está sozinha
Se está sozinha

Fica comigo...

sábado, 28 de setembro de 2013

UM QUINTAL NO JARDIM



            Não foi tão simples como pensava, bastava ler o jornal. Compreendeu. Os trinta e dois canais na TV não diziam nada e quando diziam, não era fato ao qual se prende a atenção com zelo. Os livros eram muitos. Alguns com histórias que se entende de uma só lida e outros que precisavam de muitas leituras. Uma garrafa de café, quatro xícaras e bolachas na mesa. Lá fora o sol sorria. Os cachorros se pegavam, o gato dormitava na janela e o vizinho ouvia um som, parecia música. O telefone tocou. O homem atendeu, mas antes que pudesse guardá-lo no gancho ouviu a campainha tocando. Não lhe interessava comprar panelas, nem redes. Tomou uma xícara de café com os olhos fixos no jornal. A campainha soou. Não pensava em se converter, nem tinha tempo para a igreja logo mais à noite. Abriu o computador. Nada lhe prendeu a atenção com primor. Fechou a internet, precisava escrever a crônica do semanário. O celular tocou. Agora vendem cursos por telefone. Para não ser desarmônico, ouviu a conversa até o fim. Perdeu onze minutos, tempo suficiente para elaborar um artigo. Abriu o jornal. Precisava confirmar se existia propósito na incoerência ou se havia na frase uma incoerência sem propósito. A gramática morria ali algumas vezes, mas dessa vez não tinha perdão.
“Vende-se uma casa com quintal no jardim”.
O jornalista sorriu quando desligou o celular. Havia encontrado o assunto para a sua crônica. Ficou sabendo que fora escrito de propósito. “Ninguém repara no que é normal”, afirmou o jovem que escrevera o enunciado. “Há pessoas que têm dentro de si uma casa com o quintal dentro de um jardim, a essas, falta-lhes a coragem de organizar o quintal, arranjar o jardim, para que a casa fique bela” – concluiu o jovem, sem se importar com os questionamentos do velho escriba.
Uma casa com quintal no jardim.
O erro escrito no jornal possibilitou ao homem escrever a sua crônica e a observar a beleza despercebida nos contrários.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

DEPOIS DE ONTEM... UM NOVO AMANHECER.


 O tempo estava passando. Era preciso mover, seguir o tempo. Era preciso aprender com as pessoas. Elas chegam sem avisar e se vão sem esperar. Entre as idas e vindas, o intermitente, mostrava um silêncio que revela coisas que os olhos entendem, mas que as palavras não conseguem descrevê-las.
Porque esperamos pelas pessoas? No fundo esperamos por nós mesmos. Não estamos acostumados com as idas, e às vezes, com as vindas. As chegadas sempre trazem mudanças. Mesmo que seja para arrancar de nós um sorriso tolo.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

MÃOS CURTAS


 

Hoje o amanhecer acordou mais cedo. Despertei-me devagar. Notei a falta de tantas coisas. Falta de uma manhã sem pressa. De um dia em que as horas conversam para não ver o tempo passar. Malemolência. Hoje eu acordei como quem não acorda. Frente ao meu desconcerto, vejo minha imagem na parede, ouço o espelho dizendo como estou. Vejo o tempo na parede, passando como passa a vida que passa sem querer passar. Os ponteiros, como eu, dão uma imensa volta, passeando pelo mesmo lugar. Procuro pela criança de ontem que no adulto se esconde hoje. Criança sente falta, mas não é falta que machuca, é falta que dói com um doer que não perdura. Senti falta.
 Observei os meus discos, os meus livros, as minhas fotografias. Diferente! Eu ontem... Eu hoje... A imagem e o ser. Rasgando o tempo que rasga o ser. Não importa a imagem ou o ser, importante é o hoje.
Divido-me em tantas coisas. Nestas coisas tantas, me apego às faltas que hoje sinto sem querer sentir.
Olhos que me olharam. Falas que me falaram. Mãos compridas que seguraram as minhas mãos curtas, carentes de um toque. Desencontros. O meu eu e as faltas. A saudade é para o homem o caminho da volta. A saudade é a falta da metade que não voltou.
Há tantas voltas.
Das tantas coisas que fazem um homem voltar, volto pela saudade de ter as mãos curtas escondidas entre mãos compridas. 



sexta-feira, 13 de setembro de 2013

SAUDADES



Me conta o que você entende de saudades...

E eu te direi a falta que você me faz.
 FOTO DE REPRODUÇÃO


                                                                                     

domingo, 1 de setembro de 2013

LÁPIS DE COR.

                                                                 Foto de reprodução.daysesene     

Uma rua repleta de buracos, o asfalto cinza com meios fios brancos e árvores secas esperando a chuva. Um alto prédio com paredes de vidro azul. Um outdoor. “Precisamos voltar a ser crianças”, o outdoor dizia, tendo como base a imagem de uma criança com amarelos cabelos esvoaçados, colhendo borboletas. Poucas eram as palavras. Poucas eram as pessoas que por ali passavam. Raro era alguém que lia o outdoor. Todos o viam, mas não enxergavam. O prédio azul roubava a atenção. A esquina era azul. Os olhares eram azuis. Os passos eram azuis. A vagareza era azul. A pressa não. Não era azul e nem cinza, mas de uma cor que não se nota.
A menina do outdoor coloriu a estrada. Fechou os buracos das ruas cinza. Os meios fios continuaram brancos, mas um branco que sorri. As árvores ganharam cor de vida, esperança. Dizem significar o verde. A andorinha fez um ninho e aceitou dividir com o curió a árvore mais frondosa. Pessoas caminhavam no tempo de cada coisa. As borboletas amarelas se juntaram com as vermelhas, que trouxeram para perto as coloridas, que amavam as cigarras. Quando a primavera chegou, as cigarras já estavam cantando, sabiam que viria. 
A menina adulta, grande como a sua imaginação, amarrou os cabelos pretos. Grudou na parede do seu quarto a folha de papel. Tinha um mundo na mente e, nas mãos, lápis de cor.