sexta-feira, 17 de maio de 2013

VILHENA, E OS OUTROS?


foto reprodução:https://www.facebook.com/photo.php?fbid=309054529228424&set=o.168260719944295&type=1&theater


Estava frio. O homem insistia em ser o último a mudar os passos pela rua. Os planos eram leves, pesados eram os sonhos. Olhava os prédios renascendo, as esperanças lhe acendiam a vida. A convivência? Morria como morre o tempo. No minuto em que se nasce começa-se a morrer. O seu coração recortava as paisagens poucas de uma rua que estava dentro dele. Daí a vida. O que fazer com ela? Ao mesmo tempo em que se deixava diluir por lembranças que nem eram tão distantes, ajuntava os pedaços do retrato de uma via que jamais passaria pelo tempo sem deixar uma estrada dentro de si. O homem ultrapassava os postes, nos passos, os movimentos de quem não tinha pressa. Perdia-se observando os prédios nascendo em lugares sem planos. A contramão da rua alta, a caminhada certa na rua baixa, o contraste o levava para casa. Como chegaria o homem? Nem tão alongado o tempo, era um menino. Menino como a menina rua que lhe encanta os olhos e enche de orgulho. A sua origem. Agora tem cores verdes, cores amarelas, cores vermelhas, cores verdes que o permitem chegar. Tem prédios altos, prédios baixos, construídos e construindo, como o homem e o tempo. Somos construídos aos poucos, estamos sempre necessitando reformas. Nascendo como nascem os dias em busca do sol. De esquinas inesperadas surgem pessoas, que passam sem conhecer a rua que os pés tocam. O frio propõe o silêncio calvo de uma noite em que a rua conversa com o homem. A rua espicaça o olhar do moço numa noite fria. Respingam das paredes as luzes que o fazem sorrir. Na praça. As névoas pintaram descidas para um passeio. O olhar do homem semelhou passear com elas. Estava frio. Os pés gelados, as mãos frias empurrando uma bicicleta. O homem era o último a ter o coração queimando numa noite fria na av. Major Amarante. Os pés gelados, as mãos frias e os passos sem pressa atiçavam o homem a conhecer o despercebido. A Biblioteca pareceu lhe sorrir. Onde estão os outros?