domingo, 1 de setembro de 2013

LÁPIS DE COR.

                                                                 Foto de reprodução.daysesene     

Uma rua repleta de buracos, o asfalto cinza com meios fios brancos e árvores secas esperando a chuva. Um alto prédio com paredes de vidro azul. Um outdoor. “Precisamos voltar a ser crianças”, o outdoor dizia, tendo como base a imagem de uma criança com amarelos cabelos esvoaçados, colhendo borboletas. Poucas eram as palavras. Poucas eram as pessoas que por ali passavam. Raro era alguém que lia o outdoor. Todos o viam, mas não enxergavam. O prédio azul roubava a atenção. A esquina era azul. Os olhares eram azuis. Os passos eram azuis. A vagareza era azul. A pressa não. Não era azul e nem cinza, mas de uma cor que não se nota.
A menina do outdoor coloriu a estrada. Fechou os buracos das ruas cinza. Os meios fios continuaram brancos, mas um branco que sorri. As árvores ganharam cor de vida, esperança. Dizem significar o verde. A andorinha fez um ninho e aceitou dividir com o curió a árvore mais frondosa. Pessoas caminhavam no tempo de cada coisa. As borboletas amarelas se juntaram com as vermelhas, que trouxeram para perto as coloridas, que amavam as cigarras. Quando a primavera chegou, as cigarras já estavam cantando, sabiam que viria. 
A menina adulta, grande como a sua imaginação, amarrou os cabelos pretos. Grudou na parede do seu quarto a folha de papel. Tinha um mundo na mente e, nas mãos, lápis de cor.