sábado, 5 de outubro de 2013

GRAMÁTICA REMINISCÊNCIA.

                                                   FOTO DE REPRODUÇÃO
  
Era para usar os sinônimos. Há pouco tempo sentávamos no meio fio e ficávamos lendo mensagens no celular. Ela deixava os cabelos soltos. Em tão pouco tempo o dia passava. Eu, José Maria, gostava de observar as palavras estranhas, ela, Maria José gostava de ler as palavras ao contrário. Quase no final da noite eu enviava os meus trabalhos, ela lia, nas redações assinalava: use mais os sinônimos. Ela ia para a escola de manhã, a noite era a minha vez. A tarde era nossa. Juntos não havia sinônimo de bom, era simplesmente bom. Antônimos apenas no futebol. Corinthians e Palmeiras. À tarde eu me acostumara a ficar com ela, mas não reparava na camiseta com uma águia. Adoro águias, mas não no futebol. Para onde eu ficava olhando? A gente se acostuma a não ver as coisas. Ela detestava o verde. Acho que corintiano não torce pela seleção brasileira, pois, na bandeira do Brasil não tem o preto. Ela tinha um lado palmeirense que eu adorava, mas quando eu mencionei isso, ela nunca mais quis ler um livro no jardim. Um dia disse que queria pintar a grama de preto.
Um dia fui visitá-la e fiquei sabendo que não podia vê-la. ??? Mas??? Como assim?! Ela havia passado mal e estava internada. A minha cabeça se encheu de reticências. No meu coração, um travessão. Nos meus desejos, interrogações. Desejei ardentemente vê-la. Preferia o antônimo do mal. Nas tardes que nos faziam bem, queria simplesmente vê-la bem.
A reminiscência, sinônimo de recordação, traz em mim um bem que me faz bem. As minhas redações ganham sentidos melhores quando uso os sinônimos.
Os antônimos se agigantaram quando crescemos. Ela conheceu um cara que chegou como desinência dela. Começou a namorá-lo, descobriu que era um sinônimo. Há pouco tempo a encontrei. Casada, há um ano suportando um antônimo, disse que sentia saudades de quando sentávamos no meio fio e que as nossas diferenças eram o jeito simples de sentir o amor. Quanto a mim, namoro alguém com o nome de Josefa. Ela não gosta de redações, nem de futebol, nem de trocar mensagens no celular. Não me impede de tocar nas lembranças e nem de amar os sinônimos.