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O VALOR DE UM PROFESSOR.
E se pudéssemos, num dia que não
fosse quinze, que não fosse do dez de um ano ou outro. A gente se pegasse
pensando na primeira sala. Na primeira carteira. Na primeira letra ou nos
primeiros movimentos das mãos. Se pensássemos assim, nos primeiros amiguinhos,
na primeira bronca do primeiro professor. E se pudéssemos, num dia que não
fosse quinze, que não fosse do dez de um ano ou outro, mas de uma semana
qualquer. Num dia algum, de sol, de chuva, de frio ou de desencontros onde procuramos
por nós mesmos. E se pudéssemos, num dia que não fosse quinze, que não fosse do
dez de um ano qualquer. A gente se pegasse lendo um livro num jardim, lendo um
jornal no metrô, lendo os painéis de uma nave no espaço, lendo o contracheque
do salário, lendo as leis no congresso, criando leis no país, ou escrevendo
nossos discursos. E se pudéssemos, num dia que não fosse quinze, que não fosse
do dez de um ano que é sempre. Em todos os discursos, em todas as letras
escolhidas, em todas as palavras escritas. Saber onde tudo começou é
ultrapassar o dia que é quinze, que é do dez, de um ano qualquer. E se
pudéssemos num dia que não fosse apenas quinze, que não fosse apenas do dez,
mas de todos os dias. Quem sabe aprenderíamos a bravura das primeiras letras, o
valor de um professor, em todos os tempos.