terça-feira, 8 de abril de 2014

ANTES QUE GEORGE MORRESSE,


            ...ele assinou o contrato. Primeiro de abril, ironia com a morte? Difícil explicar, já que são imortais os escritores. A notícia me tomou os olhos e embrenhou por meus pensamentos rasgando o desconhecido em mim. Tantas coisas poderiam “poder” se isso acontecesse. Fiquei sabendo quem era George. Tal fato me tirou do lugar, afinal precisava fazer alguma coisa, sentir o mundo, observar as minudências da vida, antes que o homem expirasse sem terminar o seriado.
            O meu cachorro elevou as patas, apoiou-as em meu colo. Era hora do seu passeio.
Pela rua caminhou um homem carregado de premonições. O tempo marcava George em mim. Em meus pensamentos elaborei uma lista de coisas a serem feitas caso George viesse a morrer. O meu cachorro, feliz, voltou para casa sorrindo, amenizando o George em mim.
Enfiei-me nas canções que o coração guardava, mas que há tempos eu não exalava a coragem de cantá-las no meu silêncio. Nelas visualizei os amigos, senti-os de longe... Liguei para alguns. Reparei no meu gato de um jeito novo, escrevi uma canção e cantei para ele como se o bichano se importasse com a música. Grudei no portão da minha casa um cartaz com palavras que há anos minha esposa não ouvia. Assinei também um contrato comigo, nele estabeleci algumas regras: que não deixaria de fazer as pessoas felizes, que leria os livros do George RR Martin, que veria o seriado Game of Thrones, que escutaria o sorriso do meu cachorro, que escreveria uma crônica e que dormiria mais cedo, ouvindo um blues na voz do B.B King. 

George RR Martin assina contrato que proíbe que ele morra antes de terminar sua série de Livros. “The Global Edition“.