NOSSA LINDA CANÇÃO
Na manhã que
acabara de nascer, a gente escolhia fotos. O tempo escorria devagar por entre
os nossos diálogos. Nenhuma imagem preenchia o coração dela. Em mim restava a
procura. Estar perto era melhor que todas as imagens selecionadas. Nossos risos
se tocavam, nossos pensamentos se compreendiam e os nossos acenos se buscavam
como notas compondo uma melodia. Eu não estava ali pela manhã que sorria
merecendo um verso, mas pela proposta de colher uma bela imagem. No vão das
outras coisas a serem feitas, me deixei escapar. Há momentos que são únicos.
Todos os momentos são únicos. Escolher fotos era um desses momentos.
A canção que
tocava do outro lado da rua era a que precisava tocar dentro de nós. E tocava.
Sem ser preciso parar a escuta.
Vivemos à busca de instantes para que não percamos as lembranças de um dia. A música tem esse poder, o de levar-nos a lugares distantes, dentro de nós, em poucos segundos. E sem que a gente queira, lá procuramos o que nos alivia já. As reminiscências não precisam ser de ontem, basta gostarmos dos segundos de um “ainda há pouco”. Quanto tempo dura um “agora”? Agora mesmo já toco o inesperado. Uma fotografia procurada é inesperada. Mesmo sendo a mesma. O inesperado está no olhar da segunda vez.
Vivemos à busca de instantes para que não percamos as lembranças de um dia. A música tem esse poder, o de levar-nos a lugares distantes, dentro de nós, em poucos segundos. E sem que a gente queira, lá procuramos o que nos alivia já. As reminiscências não precisam ser de ontem, basta gostarmos dos segundos de um “ainda há pouco”. Quanto tempo dura um “agora”? Agora mesmo já toco o inesperado. Uma fotografia procurada é inesperada. Mesmo sendo a mesma. O inesperado está no olhar da segunda vez.
Seus olhos não me olhavam, mas sei que me via
pelas palavras. Vi o azul se destacando em suas vestes e senti o céu ingressar
em meus labirintos. Ela exalava ternura e graça. Sua voz com maciez de Bossa
Nova e seu olhar de melodia que move os acordes eram a poesia procurada nas
imagens, a completar o seu poema que acabara de nascer.