Os olhos como faróis, atentos aos meus movimentos. As
expressões em seus rostos apontavam o efeito de “primeira vez”. A insegurança, o
falar embaraçado semelhante às emoções de quem está apaixonado e a escrita
desalinhada eram tudo em mim. Gastei dias me preparando para estar ali e quando
esse fato ocorreu num segundo se apagou. Os olhares, feito luz que acompanha um
ator num teatro, me seguiam, acho que me viam por dentro tamanha a observação.
O começo dói. Começar o começo é dor maior ainda. Um olhar de paciência se
distinguia ao meio dos faróis atentos. Quando me perdia na fala, aquele olhar
me indicava uma direção. A professora me ensinava sem usar as palavras. Por
dentro eu gritava com as horas para que elas passassem de repente, mas em vão.
Meus olhos me dissolviam olhando o quadro em branco. O nervosismo tinha um
apagador e a precisão tinha um pincel nas mãos. O compromisso exigia que as
mãos escrevessem o que a cabeça não guardou. Há momentos em que a gente sorri
porque chorar é a mesma coisa. Os sentimentos se equivalem. Os alunos não me
deixaram receoso, nem a professora me deixou acanhado. O meu medo era de um
quadro em branco, ameaçando a primeira aula de um professor.
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