quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

SOBRE O AMOR, JOGO SUBJETIVO



"Fica subjetivo o que vou dizer no encontro dessas letras. Fica subjetivo o som dessa prosa, semelhando poema, reverberando poesia. A intenção, a construção, a harmonia. O ritmo dessas frases em movimentos. As feituras de inspiração emitindo poesia. Feituras de criação enquanto estende o dia. Feituras de vida, de alegria.
Fica subjetiva a estimação do verbo Conhecer, que fez ir. Que fez voltar. Que ousou conversar e nas procuras te viu sonhando.
Fica o esperar o tempo. O querer mais tempo, o esquecer do tempo e o tempo que escapa sem medo de deixar para trás, corações subjetivos. Fica o tanto que foi dito, o pouco acreditado e a porção imaginada.
Ficam subjetivas as falas certas e também as erradas. As entendidas, as incompreendidas e as sem efeitos. O olhar que falou, o olhar que não disse e o olhar que revelou, e subentendido, o olhar que você entendeu.
Fica subjetivo o silêncio que permitiu a percepção da presença, e também o barulho que questionou o vazio da ausência. O anseio que esperou as chegadas e o temor que reclamou as idas. O encontro é subjetivo, nele mora o encanto e todo encanto é particular.
Fica subjetivo o deslizar de mãos, o roçar de lábios e a união dos sentidos num querer ilusório. Fica em silêncio a nossa história começada. A nossa conexão, ameaçada por um sentimento, subentendido na flexão do verbo te adorar. Te adorar, como qualquer outra forma de admiração, é lúdico. Toda ludicidade é subjetiva.
Fica subjetivo tudo o que eu disse, mas que não fica camuflada a sensação de viver. Nem seja subjetiva a emoção que grita e reinaugura o homem, subentendido."

♥ x ♥ 


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

OS LIVROS EMBLEMÁTICOS DOS ÚLTIMOS 20 ANOS


OLHAM QUE INTERESSANTE ENCONTREI NESSA REPORTAGEM DA BIBLIOTECA

 PÚBLICA DO PARANÁ, LEIAM. 

* Abaixo no final da reportagem está o Link para mais informações.

Especial Capa

12/01/2015

Os livros mais emblemáticos dos últimos 20 anos

Enquete revela predominância de autores mais experientes entre os preferidos da crítica


ruffatoQual o melhor livro de prosa publicado no Brasil nos últimos 20 anos? A pergunta foi encaminhada a 20 professores universitários, pesquisadores de literatura contemporânea, prosadores e poetas. A resposta deveria ser breve, explicando o porquê da indicação da obra, incluindo a transcrição de um trecho do livro. O resultado da enquete os leitores do Cândido conferem nas próximas páginas desta edição.

Antes de qualquer análise, uma informação fala por si: não houve voto para nenhum livro de contos, apesar de contistas de qualidade inquestionável publicarem com regularidade nas duas últimas décadas. Ano passado, Dalton Trevisan lançou O beijo na nuca, enquanto Sérgio Sant’Anna compareceu com O homem-mulher — isso sem falar de Rubem Fonseca, Luiz Vilela e outros exímios contistas que publicam continuamente.

Este fato, nenhum voto para livro de contos, confirma uma máxima do mercado: o leitor brasileiro prefere ler, e consumir, romance. A frase, enunciada por editores, adquire ainda mais verdade após o resultado desta lista estimulada pelo jornal da Biblioteca Pública do Paraná.

Uma segunda questão se evidencia: os dois nomes mais citados, Luiz Ruffato e Milton Hatoum, são — de fato — autores contemporâneos muito conhecidos, e badalados, seja na imprensa cultural ou devido à participação contínua deles em eventos literários.

Os escritores Marçal Aquino e Marco Aurélio Cremasco, e a professora Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Ana Cláudia Viegas, escolheram Eles eram muito cavalos, de Luiz Ruffato — que divide com Dois irmãos, de Milton Hatoum, o primeiro lugar nesta pesquisa. E o que justifica a escolha, por exemplo, do livro do Ruffato como um dos destaques da literatura brasileira recente? O escritor Marçal Aquino apresenta o seu argumento: “Eles eram muitos cavalos é uma espécie de ‘Sampa’ no panorama da literatura brasileira contemporânea. Assim como a canção de Caetano, o romance de Luiz Ruffato alcança a façanha de sintetizar algo que, por sua absurda complexidade, resiste à síntese: a cidade de São Paulo”.

Já Dois irmãos, de Hatoum, é o melhor dos últimos 20 anos no entendimento do jornalista e escritor Paulo Roberto Pires, da professora da Universidade de São Paulo (USP), Leyla Perrone-Moisés e da pesquisadora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Tânia Pellegrini.

Dois irmãos, de Milton Hatoum, é obra de um autor maduro, que já tinha dado provas de seu talento em romances anteriores. Esse romance tem todas as qualidades dos melhores exemplos do gênero: linguagem cuidada, intriga complexa e cativante, personagens consistentes e ampla significação. O olhar do narrador é, ao mesmo tempo, nostálgico e amargo, poético e lúcido”, afirma Leyla Perrone-Moisés.

No jet set e fora dele


Além dos dois mais votados, Ruffato e Hatoum, outros autores que frequentam o jet set literário tupiniquim também tiveram obras escolhidas pelos convidados do Cândido. Cristovão Tezza, que se tornou mais conhecido no Brasil por causa de O filho eterno (2007), apesar de publicar regularmente desde a década de 1980, foi a opção do professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Anco Vieira.

A professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Sissa Jacoby optou por Chico Buarque, com o romance Budapeste (2003), e Paulo Lins, que teve o romance Cidade de Deus (1997) encaminhado para o sucesso devido a uma adaptação cinematográfica, é a sugestão do escritor e jornalista João Gabriel de Lima — o crítico literário e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Luís Augusto Fischer votou no romance Passageiro do fim do dia, de Rubens Figueiredo.milton

Aparecem nesta amostragem informal autores que flertam com um experimentalismo formal e temático, entre os quais João Gilberto Noll, com Acenos e afagos (2008), Nuno Ramos, e a longa narrativa Ó (2008), e Evandro Affonso Ferreira e o seu Minha mãe se matou sem dizer adeus (2010).

O levantamento também contempla nomes não muito conhecidos, pelo menos pouco mencionado em jornais e revistas culturais, como Conceição Evaristo, com Becos da memória (2006), e Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira, com As visitas que hoje estamos (2012) —, além dos paranaenses Miguel Sanches Neto, autor do romance Chove sobre minha infância (2000) e Oscar Nakasato, vencedor do Prêmio Jabuti 2012 na categoria romance com Nihonjin (2011).

Merece registro o fato de nenhum autor com menos de 40 anos ter sido mencionado, ainda mais no contexto em que há uma celebração do autor jovem no Brasil, fato que se comprova com a publicação de Granta: Os melhores jovens escritores brasileiros — antologia lançada em 2012 durante a 10ª edição da Festa Literária de Paraty (Flip). Se nenhum autor com menos de 40 anos conseguiu lançar uma obra digna de ser mencionada em uma enquete, isso deve ter algum significado, seja lá o que for. As mulheres estão em minoria e, além da já mencionada Conceição Evaristo, Adriana Lisboa, com Rakushisha (2007), é a aposta de Daniela Versiani, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), e Hilda Hilst foi lembrada pelo professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e crítico literário Alcir Pécora.


LINK:

http://www.candido.bpp.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=80&tit=Os-livros-mais-emblematicos-dos-ultimos-20-anos