Na noite em que mais explodem fogos,
fico com o verbo voltar. Uso as mesmas esperanças, as mesmas falas e para não
fugir dos pleonasmos, ostento também as minhas tautologias. O intento é o de
seguir. Ver tudo mudado, mas mudanças que não me tiram o riso. Dizem que toda
mudança traz dor, mas não mudar quando necessário é dor sem medida. Passa-se o
tempo, nos deixando a sensação de que beliscamos o passado querendo o futuro e
se esquivando do presente.
Todos
voltamos.
As
lembranças são os veículos e a saudade uma estação. Nesses substantivos moram
nossos esfalfamentos. O verbo voltar, presente nas canções, é também visto nas
cores escolhidas na noite em que explodem fogos no céu. Não conheço o mundo,
mas me alegro com as reproduções. Humanos se encontram e se repetem num depósito
de muitas águas. O ontem já não significa mais. O velho do novo,
cronologicamente separados. Lembrá-lo não é retroceder, mas voltar às coisas
que deixamos... Emoções, lugares, momentos.
Seguimos, mas voltar é preciso.
Sem refletir
no que não deu certo não se cria um acerto novo. Tudo se projeta. Rasgando o
tempo da imaginação, anseia-se pelo tempo que ainda não se revelou. Nesse
tempo, descansa a esperança, com olhos de esperas.
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