sábado, 14 de março de 2015

POEMA OU PROSA?






O POEMA E A PROSA

Meu poema se mistura à prosa. Sou Eu e as Palavras. Entre nós, a folha em branco, sorrindo da nossa desarmonia. Quero uma imensidão de palavras. Quero despejá-las sem ter de conviver com elas. Mas, as palavras não nascem nos ventos, nascem dentro da gente e derramá-las é um risco. É necessária uma convivência, ainda que breve, um virar de página, um estilar de tempo.
Tudo é um texto.
Crianças no parquinho se espalham. Entre os brinquedos, uma menina flutua. O balanço vai e volta. Vai e volta. Num voltar preciso, sem se negar. O pai criando os movimentos. Tocando leve a criança, impulsionando-a, como se tivesse que tocá-la para demonstrar presença. A moça, lendo um livro, tem a sua própria cadeira e muda conforme lhe aborrece o sol. O facho de luz, inventando espaços entre galhos e árvores, ofusca a leitura. O texto que preciso está em algum lugar do lugar. Mas, procuro-o em mim. Quero um poema. Meus olhos desenham cenários, inventam conclusões, trazem para dentro uma vastidão de pensares. Imagens, conceitos, pré-conceitos e tradições balançam a mistura que sou. Quando encontro um equilíbrio, esbarro nas regras. Confiro as horas no celular e levanto as vistas. Encontro um texto.  Meu olhar se enche de poesia. Quero poucas palavras para descrever a cena. A imagem não cabe descrita num poema. A menina, cortando as unhas da avó, saúda-me com um sorriso, ajuntando em mim o tempo das gerações. O início cuidando do fim. Seu carisma reúne as palavras em prosa para a minha crônica procurada.