sábado, 9 de maio de 2015

ESPERAS NÃO VINDAS


Horas esquecidas. Um tanto de momentos rasgou o céu das esperas. As poucas pessoas que ali estavam, despercebiam de mim. Acho que nem eu me via.  No momento cotejava o tamanho dos meus pensamentos.  Nas prateleiras da biblioteca, assuntos paginados que poderiam descontar o vazio, preencher momentos e me colocar no mundo real ou na fantasia da realidade. A manhã era de sol que nasce sem amanhecer e o meu aguardar tinha cor de dia não amanhecido. Livros. Meus olhos conversavam com eles, à distância, sem precisar gritos ou voz de chamada. Como os meus anseios, os livros eram muitos, mas não eram barulhosos como a minha vontade. Os livros eram diversos para minha cabeça de espera única.
Na sala, ao redor de uma mesa redonda, duas vidas quietudiavam: um homem e um livro. Ambos esperavam serem tocados. Para o livro, bastava um estender de mão; para o homem era preciso: um abrir de porta, um levantar de rosto, um olhar de procuras, um pouco de caminhar e, um sorriso de chegada se misturando a um abraço. Já algum tempo, gastava ali os meus dias e sobre os meus dias, as manhãs tardeavam.