Horas esquecidas. Um tanto de momentos rasgou o céu das
esperas. As poucas pessoas que ali estavam, despercebiam de mim. Acho que nem
eu me via. No momento cotejava o tamanho
dos meus pensamentos. Nas prateleiras da
biblioteca, assuntos paginados que poderiam descontar o vazio, preencher
momentos e me colocar no mundo real ou na fantasia da realidade. A manhã era de
sol que nasce sem amanhecer e o meu aguardar tinha cor de dia não amanhecido.
Livros. Meus olhos conversavam com eles, à distância, sem precisar gritos ou
voz de chamada. Como os meus anseios, os livros eram muitos, mas não eram
barulhosos como a minha vontade. Os livros eram diversos para minha cabeça de
espera única.
Na sala, ao redor de uma mesa redonda, duas vidas
quietudiavam: um homem e um livro. Ambos esperavam serem tocados. Para o livro,
bastava um estender de mão; para o homem era preciso: um abrir de porta, um
levantar de rosto, um olhar de procuras, um pouco de caminhar e, um sorriso de
chegada se misturando a um abraço. Já algum tempo, gastava ali os meus dias e
sobre os meus dias, as manhãs tardeavam.
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