sábado, 23 de julho de 2016

GOSTAR É TÃO SIMPLES


Por que gostamos? 
Gostar. 
Gosto-estar.  
Esse é o único momento em que nos desligamos dos instantes para prestar atenção em nós. Aquela frase que faz bem. Aquele riso que escapou de alguém. Aquele livro que esbarrou nos desejos. As palavras de uma canção. A melodia de uma música. O abraço que abraça. O beijo que não beija. O beijo que beija. O olhar que navega em nosso ser procurando enxergar a nossa alma.

Gostar é mesmo simples. A simplicidade provavelmente nasceu de um gostar. Foi quando o simples encontrou razão na idade e, na conexão, tornou-se: simplicidade. Assim, com jeito de significados, sem se importar com as significâncias.

A simplicidade dura pouco. Às vezes nem chega virar palavra. E também não chega a ter um sentido. Gostar também. Dura o tempo que quiser e não aponta uma causa. E há momentos em que chega a ser excêntrico. Estranho. É quando o gostar nos traz uma razão para sermos felizes e nós, assim, com medo de girar a cabeça, fixamos os olhos nos montes. No céu azul. Na poeira que embaça nossos sapatos. Nas palavras que banham nossos egos. 

Gostar não devia ser complicado. Mas complicamos. Complicamos quando desprovido de nós, deixamos transbordar a essência do outro que não cabe em nós. Complicamos, quando, cheio de nós, derramamos nossos excessos nos sorrisos que nos cercam. Complicamos, quando, a força do espelho, nos levam a um ghost star e não nos deixa pensar nas causas quando vestimos silêncios. 

Gostar é simples. Há uma razão para isso. Gostei. Do abraço da criança que sem conhecer-me, pediu que lhe amarrasse o tênis. Do espalhado sorriso da mulher de cabelos brancos quando finalizei a canção. 

E por falara em gostar;

Gosto da canção que toca, enquanto gosto da imagem no espelho, após um dia cinzento.