sábado, 29 de outubro de 2016

É SÓ DAR UM CLIC



            Há muitas informações. Não dá mais pra dizer que não soube, ou que esqueceram de avisar. É só dar um Clic. Se o tempo é uma questão de prioridade ou se prioridade é uma questão de tempo, é só dar um Clic.
            Dizer também que não achou, que não sabe onde. Na era da informática, é só dar um Clic. Em Inglês, Português, Espanhol, Mandarim, qualquer língua. O ato é o mesmo. Pode ser no instante de um instante, um momento depois, no antes do antes, no após do após. O importante é dar um Clic.
            No tempo de acordar, no instante de dormir. Antes de chegar ou antes de sair. No período em que nem se chega nem se sai. Aquele momento em que nos perdemos de nós mesmos, aquela ocasião em que nos achamos em nós mesmos. É só dar um Clic. Achar-se e perder-se é constante. Somos feituras de outros: metade opiniões, a outra, busca ser completa.
            Mas antes de dar um Clic, pense. E se possível, repense. Se houver motivos, ‘despense’. Mas o melhor é refletir. Por que mesmo que não sei? Por que mesmo que não procurei? Por que foi que não visitei?
            Na era das redes sociais, não cabe dizer que não viu, nem que não olhou, ou não encontrou. No tempo das informações, não dá para vestir a Inércia com o manto de um “não deu”. Não querer e não importar possui o mesmo sentido de um “tô nem aí”. Ninguém esquece o que realmente importa. E para saber o que é importante...
            Nesses dias de muitas visualizações é fácil Curtir alguns Likes, abrir links, fazer downloads, usar o Iphone e consultar alguns amigos. E se quiser que tudo corra bem, é só dar um Clic. 

   
           


terça-feira, 25 de outubro de 2016

A VIDA A GENTE CONTA EM SEGUNDOS



A gente não pensa. Mesmo quando a gente dorme, a vida é contada em segundos. E quando acordamos?! E no instante em que somos sono e despertar, sentamos à beira da cama e pensamos: quanto tempo falta para a hora? A hora de enfrentar o dia, um compromisso qualquer, ou simplesmente levantamos e não queremos saber de hora nenhuma. Mesmo sabendo, ou não sabendo, envolto em horas certas e incertas, a vida é contada em segundos.
Em dados momentos, não sabemos se é o tempo que nos transforma ou transformamos o tempo. Em meio a gritos, buzinas e ritos, somos arremessados nos instantes inesperados. Correndo de um lado a outro, como se, correndo, desapressássemos a vida que é contada em segundos.
Houve um tempo em que uma carta demorava um mês, uma viagem conversava com os mares e a pressa não cabia numa prosa. Houve uma ocasião em que uma canção nos acariciava os ouvidos e a gente esperava tanto por um disco novo. Existia um período em que copiávamos longos textos e a nossa letra não doía. Hoje fotografamos os quadros, nos encontramos nos e-mails. Fortalecemos os laços de amizade no WatsApp e se algo demora, a calma se perde por segundos.  
E por lembrar-se da pressa, apertamos o tempo e aceleramos nossas artes. Nossos olhos não demoram mais na beleza. Nem nossa inteligência busca o profundo nas invenções. Mas como questionar a beleza, se os olhares que a interpretam são compostos de sentimentos-instantes? A verdade é que não questionamos o que os nossos olhos e ouvidos classificam como belo. 
Não há calma na calma. 
A vida é composta de coisas belas, feias, tolas. Sim. É feita de belezas feias e de feiúras belas. E no instante em que nossas dores pedem alívios, nossas alegrias pedem sorrisos. A gente se estabelece. Olhamos para trás e fixamos repouso no que o tempo ajuntou. Selecionamos então os momentos memoráveis e com um sorriso dizemos: como aquele tempo era bom! Como se o ontem importasse mais que o agora e o agora, é tempo contado em segundos. 
O passado parece tão distante. Mas no momento em que o invocamos parece presente e de tão visitado parece real. Vivemos buscando significados que intensificam nossas alegrias para reforçar a lembrança dos nossos bons momentos. Significamos nos instantes, sejam eles belos ou feios. E se nas significâncias não aprendemos o valor da vida, é porque nos faltou olhar com jeito, devagar, com delicadeza, como movemos nos segundos.