segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O QUE SIGNIFICA “INSTANTE”



As vezes não observamos quando uma pessoa aproxima de nós. Nem reparamos também como as pessoas se afastam... nos deixam... se vão... dentro de um para sempre, um para nunca, ou um para daqui a pouco.

As vezes, e é as vezes mesmo. Não reparamos como elas ficam, permanecem, assim do nosso lado, à distância de um abraço, ou de cicio de conversa.

As vezes deixamos que escritores e poetas revelem o significado dos VERBOS:
Chegar... Permanecer... Ficar... Ir... Partir... Estar... Ser.


A palavra PERMANECER é a mais longa dos verbos de LIGAÇÃO, mas ela cabe dentro do INSTANTE. E o Instante também pode ser isso: um VI e VER que dialoga com o SER quando a vida exige em seus instantes o verbo VIVER.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O TEMPO DESCALÇO



            Pensava no rosto dela com os cabelos ofuscando o olhar. Sentada na parte alta do salão, seu rosto exercia movimentos suaves, assumindo várias direções, protegendo livros e crianças. Os livros sobre as mesas, espalhando em ambos lembranças literárias. Adolescentes sorriam, sorriam e falavam alto. As palavras eram despejadas com ansiedades e risos. As crianças agitavam-se, desejando tocar os livros.
Ela levantou-se e com um sorriso, caminhou entre cadeiras e tapetes. Após olhar a sua volta, se escondeu atrás de um livro. O chão vazio. Chão branco. Convidando pés descalços. Após observá-la, tirou ele os sapatos e também se refugiou num livro. O chão limpo, branco. Feito ruas: tapetes, mesas e cadeiras preenchiam parte da sala. O rapaz levantou novamente os olhos, a mesa repleta de histórias. Seu olhar ultrapassou os livros, ela lia para um menino.
O rapaz carregado-de-tempo encontrou seus livros de infância. Mergulhou nas lembranças. O livro não apenas estimulara a imaginação, levou-o ao tempos-menino. Abriu um, depois outro e depois outro. A história não estava somente grafada nos livros, o livro estava escrito na sua história. “Ser menino no tempo adulto é bem melhor que ser adulto nos tempos de menino”, pensou.
Ele afastou com os pés os sapatos e, como as crianças, sentou-se no chão. Limpo, o chão branco, convidando sentar. Observou os adolescentes. As crianças em silêncio, mergulhadas nos livros. Ela sentou-se ao lado do rapaz. Os cabelos cobriam parte do rosto, mas não escondiam o seu sorriso. Os lábios desenhados de batom nunca visto, realçava sua boca. Após ouvir o que ela tinha para ler, o rapaz sorriu.
A tarde caminhou entre eles conectando gerações. Sentaram em uma semi- elevação do piso, observando crianças e livros. O chão limpo. Branco o chão, convidando pés descalços. Ela tirou os sapatos. Ele observou os pés dela tocando o chão limpo com delicadeza feminina.