Sei
que me perguntas, todos perguntam e já faz tempo, E agora, José? E agora, José?
Mas
quer mesmo saber?
Tem
tempo para ouvir?
Vai
interpretar da forma certa?
O povo
sumiu, sim.
Com a
noite fria
A
festa terminada
E a
luz apagada
Não
havia motivos para permanecer.
Quer
mesmo saber?
Amar, é
um protesto contra o ódio
Faço
versos, sim. É meu grito contra o vazio
Os
outros zombados é a minha outra metade
Tenho
nome, mas você nunca quis saber.
E
agora, José?! Viu? O teu julgo lembrou meu nome
Estou
sem mulher, sim!
Como Jesus,
Paulo, os padres... Mario Quintana... e daí?!
Mas pensando,
carinho recebo quando ouço: E Agora, José?
Sartre
me ensinou a conviver com as respostas
O que
importa são as perguntas que faço a mim mesmo
Beber,
fumar, cuspir, é uma opção.
Tudo
posso, no optar que me fortalece
A
noite agora é quente. Aquecimento global
O
bonde não vem mais, o Uber, sim.
O
Riso?! Haha! Veio, sim.
Você
precisa assistir o Adnet, ler o Veríssimo...
A
utopia não veio
Mas
posso vê-la na política, na justiça...
Tudo
não acabou, modificou-se
Tudo
fugiu? Não! Ninguém mais foge, ninguém mais sente culpa.
Mofou?
Ah, isso sim. As leis...os políticos... o sistema...
E você
me pergunta: E agora, José.
Eu que
pergunto, e agora?
Tenho
palavras doces
E
instantes de febre quando tenho que fazer jejum
E não
dizer nada
O
Pondé me alertou do Vitimismo.
Minha
gula não é um defeito, ela sustenta meu edifício inteiro
Minha
biblioteca é meu Eco.
Meu diário
mínimo
Minha
lavra de ouro
Meu
terno de vidro
Incoerência?
Ódio?
Seja
coerente e se sentirás odiado, amigo
Você
está certo em alguma coisa, não existe porta
Pedro
tinha as chaves na mão e não abriu porra nenhuma
Quis
morrer no mar, ensinaram ele andar sobre as águas
Quanto
voltar para Minas, Minas não existe mais?!
Neves
em Minas! Aquecimento Global!
É. Putz!
E agora, José?
Do que
adianta gritar, gemer?
Tocar uma
valsa vienense,
parar
no sinal e ouvir sertanejo-universitário, ou funk?
Ai, a
gente volta para casa
E não
quer dormir, mas morrer
Funk?!?!?
Sertanejo universitário?!?!
Ouvir
isso?! É duro, José.
Sozinho
no escuro? Não.
Agora
tenho um celular.
Ele
tem luz e me conecta com o mundo
Bicho
do mato?
O que
mata são os bichos da cidade
Sua
teogonia veste as paredes de buracos
Para
vigiar a polícia.
Sem
cavalo? Não, não.
Tenho
um Rocinante branco
Que
anda devagar
E
marcha sobre as pedras no caminho
Para
onde? Para uma cidade qualquer.