Como explicar um “podia ser”? Já era anunciado que podia. Difícil era
aceitar que seria. Mas se não fosse? Ainda assim, podia. Podia o dia alongar
sem se preocupar com a minha espera. Seria difícil conviver com todos os
pensamentos ansiosos que provêm de uma espera, mas podia acontecer. Podiam os
pensamentos se dividir em bons ou maus. Seria difícil separá-los...
Escolhê-los...
Podia, nas escolhas, acontecer um erro. Seria desagradável conviver com
elas, as escolhas, por tempos que não se medem com palavras. Podia escolher
conviver e, com uma boa convivência, coexistir. Seria normal a psicoadaptação.
A beleza mora entre dois seres, distantes. Perto, as flores não crescem tão
normais. Podia pensar no encanto. Seria normal uma atração. Podia deixar que
tudo acontecesse como as estações do ano. Seria como as notas de uma melodia,
uma soa após já estabelecida a outra. Podia sentir o coração batendo. Seria
interessante. Podia também nem perceber. Seria distração inventada. Podia.
Podia. Simplesmente podia, além do verbo poder. Seria. Seria... Seria distração
esperada, além do que seria.
Como explicar um “podia ser”? Estava claro que podia ser. Podia encarar a
situação como um menino. Seria apenas um menino. Podia enfrentar na condição de
homem. Seria simples se mostrar adulto. Podia esperar? Seria emocionante. Podia
acreditar? Seria impressionante. Podia, ser. Já era anunciado que, um dia, ela
cortaria os cabelos, mudaria de lugar e, com o mesmo olhar, mudaria o jeito de
me ver.