Por que gostamos?
Gostar.
Gosto-estar.
Esse é o único momento em que nos desligamos
dos instantes para prestar atenção em nós. Aquela frase que faz bem. Aquele
riso que escapou de alguém. Aquele livro que esbarrou nos desejos. As palavras
de uma canção. A melodia de uma música. O abraço que abraça. O beijo que não
beija. O beijo que beija. O olhar que navega em nosso ser procurando enxergar a
nossa alma.
Gostar é mesmo simples. A simplicidade
provavelmente nasceu de um gostar. Foi quando o simples encontrou razão na
idade e, na conexão, tornou-se: simplicidade. Assim, com jeito de significados,
sem se importar com as significâncias.
A simplicidade dura pouco. Às vezes nem
chega virar palavra. E também não chega a ter um sentido. Gostar também. Dura o
tempo que quiser e não aponta uma causa. E há momentos em que chega a ser
excêntrico. Estranho. É quando o gostar nos traz uma razão para sermos felizes
e nós, assim, com medo de girar a cabeça, fixamos os olhos nos montes. No céu
azul. Na poeira que embaça nossos sapatos. Nas palavras que banham nossos
egos.
Gostar não devia ser complicado. Mas
complicamos. Complicamos quando desprovido de nós, deixamos transbordar a
essência do outro que não cabe em nós. Complicamos, quando, cheio de nós,
derramamos nossos excessos nos sorrisos que nos cercam. Complicamos, quando, a
força do espelho, nos levam a um ghost
star e não nos deixa pensar nas causas quando vestimos silêncios.
Gostar é simples. Há uma razão para isso. Gostei. Do abraço da criança que sem conhecer-me, pediu que lhe
amarrasse o tênis. Do espalhado sorriso da mulher de cabelos brancos quando
finalizei a canção.
E por falara em gostar;
Gosto da canção que toca, enquanto gosto da imagem no espelho, após um dia cinzento.
E por falara em gostar;
Gosto da canção que toca, enquanto gosto da imagem no espelho, após um dia cinzento.