Dois
homens entraram carregando uma caixa e, com delicadeza, a colocaram no chão e
ficaram observando a porta de entrada. Alguns minutos depois, mais dois
personagens surgiram sorrindo pela porta, dividindo o peso de uma enorme caixa.
Como formigas trabalhando, os homens amontoaram vários caixotes no pátio da
escola.
No
dia seguinte, vi os mesmos homens trabalhando. Desmontava e montava, montava e
desmontava. Rasgavam papelões, enrolavam papéis bolhas, parafusavam, ajustavam
pernas e acoplavam as bases.Assim, aqueles grandes embrulhos foram ganhando
formas e se tornando mesas e cadeiras. Após dois dias sem passar pelo pátio,
voltei, e para a minha surpresa, o pátio estava enfeitado. Tomado de um azul
que colocava o céu nos meus olhos. As mesas alinhadas, as cadeiras posicionadas
indagando minha curiosidade. Sentei em uma delas e disfarcei de mim. Apoiei os
cotovelos sobre a base de uma das mesas. Havia nelas um leve macio que
instigava deitar o meu rosto, me esconder da sala de aula e evitar as matérias
ruins.
Dois
dias haviam se passado desde que eu me enamorava das mesas quadradas. Via
naquelas mesas um lugar para sentar com os amigos e trocar assuntos diversos.
Amigos do lado... de frente... falando das
coisas mais bobas do mundo.
Numa tarde sem aulas, descansava sobre
uma das mesas, quando outros entregadores entraram pela porta da escola
transportando enormes embrulhos e colocaram no chão da galeria. Eram mesas
redondas, da cor cinza que mais se aproximava do branco. Tomado da beleza que
se expalhou pela galeria, ocupei uma das mesas e me encontrei. Até dispensei o
sentido de sentar com os amigos numa mesa quadrada. É que, numa mesa redonda
sentamos em círculos. Gostei do imediato pensamento de que, sentado em
círculos, parecemos melhor conectados na continuidade do outro.