quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

A MENINA QUE NÃO CABIA NO MUNDO

 

Livro de contos e crônicas







O FRUIR LITERÁRIO EM A MENINA QUE NÃO CABIA NO MUNDO

 

A nostalgia de um “mim” perdido no espaço-tempo, a peregrinar por aí “sem saber o que fazer ou onde parar”, inunda-me cada vez que viro a página desta pequena caixinha de mundos imiscíveis e a um tempo homogêneos que tenho nas mãos.

Sim.

Finalmente tenho em meu poder o tão esperado exemplar: A MENINA QUE NÃO CABIA NO MUNDO. E, como em Felicidade Clandestina, sigo adiando o prazer de devorar os contos que aqui figuram. 

As personas nesta obra se apresentam de forma tanto única quanto comum e pergunto-me: Por que me encaixo perfeitamente em cada um desses encantadores enredos?

Um universo de conhecimento despretensioso mora aqui e quando meus olhos passeiam pausadamente pelos rincões da página, sinto-me roçar a existência de Clarice ou de Cecília nesse adorável limiar entre a prosa e a poesia.

Pensamentos de um saber filosófico profundo, colhidos na tecitura dos contos, habitarão para sempre a memória “das minhas retinas”.

A saber, através destas linhas pude revisitar “meus escombros sem ao menos enviar-me um aviso” e entender, finalmente, que “as coisas que mais doeram foram as que eu sustentava achando que não ia passar; quando as deixei sem sustento, passou”.

Passou e ensinou-me que às vezes pode até nos faltar alimento ao organismo. Nunca, no entanto, ao intelecto. Devemos ter sempre à disposição “uma máquina de fazer pão” e livros. Muitos livros. Pois “livros são ótimos para proteger a cabeça”.

Confesso que em alguns momentos “meus olhos ganharam águas ao fim da leitura”. Como gotas as palavras constantemente “rasgam minhas entranhas” e vão regando meus jardins internos que por muito tempo quedaram ressequidos e desabitados. Visto que “as flores murchavam e os canteiros precisavam de uma reforma” na ânsia de encontrar num instante ímpar o maravilhoso fruir do texto!

Nill Cruz logra, em suas composições, jogar com as palavras como em tempos idos brincavam os meninos com “bola, papagaio, pião”!

Eis a obra que eu aguardava para alargar meus horizontes literários e estabelecer meu plano de fuga da realidade. Afinal, não há nada como “a paz dos livros” “para aliviar as angústias”, pois “o homem vive melhor quando imagina. A realidade é peso grande” demais.

                                  

Uma resenha de:

Jaquelini Silva Brito de Jesus Porfírio

sexta-feira, 17 de julho de 2020

CURT'aS PALAVRAS