sexta-feira, 10 de agosto de 2012


DIAZANDO

            Tem dias que os dias se perdem, diazando. Fica vazio, fica cheio, e monótono, fica estranho. O time não ganha, a TV não agrada e a paciência? A paciência procura ter paciência para aguentar...
            Notícias de políticos, políticos nas notícias. Som que parece música, música que parece som. Gente que fala a verdade, gente que de verdade não fala. Verdades que não interessam, pois só pertencem a quem as diz. Pessoas que não amam a pátria e, cá para mim, pessoas que a pátria não ama.
Somos iguais no currículo da vida. Nascemos para vinte e quatro horas.
Não culpo os dias, nem a sua extensão. Ao meu gosto ou não, eles seguem diazando. Passam por mim como passam os carros... As pessoas... As dores... Mas ficam também como ficam as pessoas, as dores, as lutas e as circunstâncias.
Foram estabelecidas vinte e quatro horas para viver. Somos a soma do tempo. O meu coração é depósito dos meus olhos. Onde deito o meu olhar?
No meu time que não ganha?
Nas notícias de políticos? Nos políticos nas notícias?
Nos cantores que parecem cantar, nos cantores que cantam, mas não parece?
Na arte que perdeu a arte, na arte que virou um corpo?
Na arte que é arte, mas que se esconde nos templos de burguês?

Enquanto os dias vão diazando, eu quero a essência da beleza do impressionismo de Monet. As cores da vida impressas nos sorrisos e a sinceridade ética impressionando o viver. Meus sentimentos, depósito dos meus ouvidos, ponderar me fazem.
O quê invoca o meu ouvir?
Onde descanso o meu sentir?
Na música que parece som?
No som que parece música?
No que dizem que é bom, no que é bom, mas não dizem?
Nos vendavais da religião, na religião de vendavais?
Na ruptura, na estrutura, na leitura, nas várias faces da lei?

O que dirão os que não ouviram seus pais?
Os sonhos já não sonham mais?
Os dias que amanheceram, não amanhecem mais?

Tem dias que os dias são normais, diazando. O estranho sou eu questionando. Passo por mim passeando. As coisas estão fora do lugar, não aquelas que funcionam no corpo, mas as que os olhos e os ouvidos insistem em depositar.
Pessoas sem consciência fazem o que pensam sem pensar.
Pensam que pensam, mas não pensam no pensar. Alguém já disse: “quando todos pensam iguais é sinal que ninguém está pensando”.
A TV insiste em mudar meu pensar. Se fico muito perto, penso como eles que insistem em dizer: Esse artista é legal, diz o que pensa. Pensou o quê? Diante de quem não tem conteúdo a culpa é sempre de quem não pensa nada e se satisfaz com minúcias.
Quando pensarem, simplesmente pensem: eu existo.





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