sábado, 26 de abril de 2014

A AUSÊNCIA DA POESIA


Hoje, quando a poesia voltou, meu coração escolheu palavras. Quase uma tarde para encontrá-las. Gastei uma quantidade de instantes selecionando-as. Eu que fiquei vazio quando houve silêncio, me enchi do riso de poesia que volta. O barulho causado por uma espera não cabe em versos, num só poema ou numa prosa. Esperar é dolorido. Esperar a poesia desvia o mundo do mundo. Não aspiro a um planeta desconhecido, não ambiciono morar no céu, nem espero o inferno, desejo um poema novo. Com muitas palavras ou quase nenhuma. Procurei. Vasculhei músicas, debulhei nuvens, embriaguei-me de leituras. Nenhum vento me trouxe alento. Ouvi o silêncio transportando o meu coração para as coisas sentidas. Nada novo. Meus sentimentos querem versos de agora. O meu passado não aclara meu amanhã. Sem poesia, amanhece não. Páginas procuradas, reviradas como textos em correção. Leituras escavadas como arqueólogo procurando fósseis. Ouvidos atentos como maestro passando o som. Assim eu me encontrei quando a poesia se ausentou de mim.

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